quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O AUSTRALIANO QUE ENTENDEU O REINO


“Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno”

Dias atrás, em um expediente normal, ao realizar uma pesquisa acerca de alguns temas jurídicos envolvendo o direito do Trabalho, me deparei com uma notícia que me causou espanto e estranheza, me direcionando a pesquisar mais a fundo o noticiado.

Logo em sua manchete a reportagem dizia “Australiano vende empresa e dá US$5.000,00 para cada funcionário”.

A notícia apresentava que um empresário australiano chamado Ken Grenda, do ramo de transportes , após ter vendido sua empresa, decidiu recompensar seus cerca de 1800 funcionários pela lealdade e fidelidade demonstrada há anos em sua empresa.

Tal notícia teve grande repercussão em todas as agências de notícias da Austrália, causando grande impacto a todos, sendo que o bondoso homem, recebera os apelidos de “o melhor chefe de toda a Austrália” e também “o mais generoso chefe da Austrália”.

Mas o que há de tão relevante e interessante em tal caso? O que afinal de contas tem haver tal atitude deste empresário com o Reino de Deus?

Pois bem.
   
Não é de hoje que nos inserimos em uma sociedade puramente capitalista e consumista que prioriza o ganho, o lucro a vitória e o individualismo, no qual até mesmo as relações entre as pessoas possuem uma barreira intransponível, denominada virtualidade.
   
Em momentos de grande abalo de princípios e não universalidade de costumes, que variam conforme os interesses individualistas e mais espúrios, não medindo consequências de atos e decisões tomadas hoje, não possuindo mais valor a história deixada após a morte, transfigurando esta para uma figura negativa da qual todos buscamos a maior distancia possível, sem ao menos cogitar que esta pode significar o começo da verdadeira vida, quer para nós mesmos ou para outros, visto que o mecanismo mais importante para a renovação de todo o universo humano é justamente a morte.

Antigamente a morte tinha o sentido apenas de uma passagem para uma nova vida da qual valeria mais a pena lutar, uma vida não transitória, mas sim, eterna, uma vida na qual nada seria passageiro, uma vida completa em todos os sentidos.

Mas nossa dura realidade é esta: o homem hoje não se preocupa mais com o legado que deixará ou se irá conquistar algo depois da morte, mas se contentando em apenas viver essa vida, buscando nela um fim em si mesma, ajuntando coisas vãs que são tão transitórias quanto este mundo, perdendo a oportunidade de apreciar e construir o que é eterno.

É inegável que o empresário australiano citado entendeu o verdadeiro valor das coisas, compreendendo o verdadeiro sentido da vida e os atributos mais importantes do Reino de Deus.

Ao agir com GENEROSIDADE sabendo que lhe custaria mas sem nenhum tipo de coerção doou o que possuía, com muita GRATIDÃO a todos os que fizeram parte de sua história e contribuíram para escrever a mesma,  tendo BONDADE para com pessoas menos favorecidas, sendo JUSTO ao distribuir parte da empresa da qual os trabalhadores lutaram por manter, fazendo tudo com COMPAIXÃO, ao dar a todos, mesmo aos que talvez não fossem os melhores, além de ser LEAL aos seus companheiros, até o fim de tudo aquilo que construíram juntos este grande homem sintetiza muito bem qual é a lógica divina do Reino de Deus, que necessita ser realidade em nossas vidas.

É claro e latente que este homem não se preocupava em ajuntar tesouros deste mundo. É nítido que este homem se preocupou mais com a história e o legado que deixaria depois de sua morte ao mudar o mundo de muitos destes empregados.

Sinto dizer que me senti muito envergonhado ao saber de tal notícia, visto que quantas vezes já pudemos presenciar nossos líderes ou alguns de nós mesmos não estamos agindo dessa forma, de acordo com o Reino de Deus, ao invés disto, estamos buscando ajuntar tesouros terrenos nesta vida passageira, olhando somente para as coisas dessa terra, esquecendo-nos de olhar para o autor e consumador de nossa Fé, visando conquistar não o que é do reino dos homens, mas sim o que é do Reino de Deus.

Talvez possamos aprender alguma coisa com essa lição de vida e de morte para que talvez deixemos de prezar pelo luxo, construindo templos cada vez mais assombrosos, utilizando dos meios de comunicação para promover a discórdia e o entretenimento barato e vazio, fazendo festas sem motivos verdadeiros para alegria fingindo que está tudo muito bem, falando somente aquilo que todos querem ouvir, distorcendo verdades, falsificando a palavra de Deus com ações cada vez menos sinceras e mais individualistas,  preocupando somente se há lucro ou não, vendendo falsas promessas e expectativas fadadas ao fracasso, extorquindo pessoas humildes e sinceras, investindo em coisas tolas que se vão com o tempo ao invés de buscar com que mais e mais pessoas se tornem um dia participantes do Reino de Deus, dividindo o que temos recebido por Graça a fim de que a verdadeira vida possa ser alcançada quando tudo aqui se acabar.

Contudo prefiro acreditar que ainda há esperança de que mais homens como este surjam e façam do Reino de Deus uma realidade.

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