sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

NOVOS TIPOS DE ZUMBIS


            “Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus?”

Já era noite e pelas ruas sombrias e frias olho para as esquinas e vejo seres indefinidos de forma quase humana, dotados de violência animal e instintiva, movendo-se loucamente, atravessando e rompendo qualquer barreira, arrancando com seus dentes pedaços de pessoas indefesas, que servem de alimento a estes zumbis famintos e insaciáveis, que digerem cada membro, transmitindo um vírus terrível que consome a todos.
             Surpreendentemente a cena descrita não é de um filme clássico de terror com zumbis devoradores de seres humanos, mas sim a nossa realidade.
Ultimamente estive observando o comportamento de alguns seres humanos inseridos em um mundo complexo com a ausência de princípios e valores norteadores de condutas e infelizmente cheguei a conclusões já há muito sabidas mas que em nada nos enaltecem.
            Atualmente percebemos pessoas que sob o pretexto da liberdade agem da maneira como bem entendem sem sequer sopesar as consequências de suas ações, agindo deliberadamente de forma desenfreada e desesperada não importando com os danos causados a outras pessoas, desde que suas necessidades e prazeres sejam satisfeitos.
            Como verdadeiros zumbis a fim de se alimentar e obter combustível para suas ações, não medem esforços e sugam a energia daqueles que não foram acometidos por terrível mal e até mesmo daqueles já contaminados.
            Quando agimos pensando somente em nós mesmos, buscando uma sensação de saciedade em outras pessoas, atuamos como tais vilões, deixando marcas profundas em pessoas que são vistas por todos nós somente como oportunidades para que nossas necessidades sejam supridas.
            Aquele que se aproveita da inocência para ludibriar, da simplicidade para confundir, da falta de recursos para humilhar, da disposição para se apoiar, da generosidade para roubar, enfim, aquele que se aproveita das características de cada ser, não considerando este como pessoa, mas sim como objeto para a satisfação de necessidades, sendo novas espécies de zumbis que agora se alimentam não de pedaços de membros dilacerados, mas sim de intenções e sentimentos alheios.
            Ao ver nossas “festas culturais originalmente brasileiras” (na verdade a maioria das festas culturais brasileiras são na verdade fruto de sincretimos e fusões de festas antigas pagãs e abarcadas pelos acordos religiosos gerais e adaptadas a realidade regional do Brasil), como a mais famosa, denominada Carnaval, percebemos que, na maioria dos casos as pessoas veem nesta “festividade” uma oportunidade de saciar suas vontades, necessidades, consumindo tudo o que todos possuem, não se importando quais danos serão causados após o consumo e nem sequer se sua “fonte alimento” ,sua presa irá sobreviver ou não, sob o único pretexto de que age livremente, mas que relação há entre liberdade e ações de acordo com a natureza humana? Definitivamente nenhuma.
            Considerando que o ser humano é naturalmente mal, agindo sempre pelo instinto de satisfazer suas necessidades e se autodefender, estando ele condicionado ao exercício de atividades puramente animais.
            É cediço que não há uma universalidade de valores e diretrizes em nossa sociedade tão plural, o que leva-nos a uma necessidade da postulação não de regras, mas sim de valores norteadores de nossas ações, afim de que seja garantida a liberdade, ou seja a condição de poder agir, não conforme nossas vontades ou necessidades, mas sim de acordo com o que realmente acrescenta a todos inseridos nesta realidade.
            Pois, do que adianta suprir todas as nossas necessidades, se tão logo já necessitaremos de nos saciar unicamente para nos mostramos mais cheios e completos do que todos, enquanto temos devorados os únicos que poderiam contar a nossa história durante os séculos?
            É necessário refletirmos e escolhermos a verdadeira liberdade que se pauta em escolhermos agir de forma diferente dos preceitos naturais que nos condicionam, agindo de forma a deixar de ser somente consumidores de outras vidas para contribuirmos para o surgimento, sobrevivência e das gerações que estão por vir, transmitindo-lhes o que realmente importa, os valores mais preciosos da vida, o amor a compaixão e a generosidade.
              Pense bem, e escolha ser livre ou escravo de sua natureza animal loucamente consumidora.

Um comentário:

  1. A mensagem é boa, mas o evangelho é simples. Não é preciso de digressões para falar da liberdade do homem. O nosso olhar deve se voltar para o real e não para o surreal. É simplesmente minha opinião, espero ter ajudado.

    ResponderExcluir