“Quem, pois, tiver bens do mundo, e,
vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o
amor de Deus?”
Já
era noite e pelas ruas sombrias e frias olho para as esquinas e vejo seres indefinidos
de forma quase humana, dotados de violência animal e instintiva, movendo-se
loucamente, atravessando e rompendo qualquer barreira, arrancando com seus
dentes pedaços de pessoas indefesas, que servem de alimento a estes zumbis
famintos e insaciáveis, que digerem cada membro, transmitindo um vírus terrível
que consome a todos.
Surpreendentemente
a cena descrita não é de um filme clássico de terror com zumbis devoradores de
seres humanos, mas sim a nossa realidade.
Ultimamente
estive observando o comportamento de alguns seres humanos inseridos em um mundo
complexo com a ausência de princípios e valores norteadores de condutas e infelizmente
cheguei a conclusões já há muito sabidas mas que em nada nos enaltecem.
Atualmente percebemos pessoas que sob o pretexto da liberdade
agem da maneira como bem entendem sem sequer sopesar as consequências de suas
ações, agindo deliberadamente de forma desenfreada e desesperada não importando
com os danos causados a outras pessoas, desde que suas necessidades e prazeres
sejam satisfeitos.
Como verdadeiros zumbis a fim de se alimentar e obter combustível
para suas ações, não medem esforços e sugam a energia daqueles que não foram
acometidos por terrível mal e até mesmo daqueles já contaminados.
Quando agimos pensando somente em nós mesmos, buscando uma
sensação de saciedade em outras pessoas, atuamos como tais vilões, deixando
marcas profundas em pessoas que são vistas por todos nós somente como
oportunidades para que nossas necessidades sejam supridas.
Aquele que se aproveita da inocência para ludibriar, da
simplicidade para confundir, da falta de recursos para humilhar, da disposição
para se apoiar, da generosidade para roubar, enfim, aquele que se aproveita das
características de cada ser, não considerando este como pessoa, mas sim como
objeto para a satisfação de necessidades, sendo novas espécies de zumbis que
agora se alimentam não de pedaços de membros dilacerados, mas sim de intenções
e sentimentos alheios.
Ao ver nossas “festas culturais originalmente brasileiras”
(na verdade a maioria das festas culturais brasileiras são na verdade fruto de
sincretimos e fusões de festas antigas pagãs e abarcadas pelos acordos
religiosos gerais e adaptadas a realidade regional do Brasil), como a mais
famosa, denominada Carnaval, percebemos que, na maioria dos casos as pessoas veem
nesta “festividade” uma oportunidade de saciar suas vontades, necessidades,
consumindo tudo o que todos possuem, não se importando quais danos serão
causados após o consumo e nem sequer se sua “fonte alimento” ,sua presa irá
sobreviver ou não, sob o único pretexto de que age livremente, mas que relação
há entre liberdade e ações de acordo com a natureza humana? Definitivamente
nenhuma.
Considerando que o ser humano é naturalmente mal, agindo
sempre pelo instinto de satisfazer suas necessidades e se autodefender, estando
ele condicionado ao exercício de atividades puramente animais.
É cediço que não há uma universalidade de valores e
diretrizes em nossa sociedade tão plural, o que leva-nos a uma necessidade da
postulação não de regras, mas sim de valores norteadores de nossas ações, afim
de que seja garantida a liberdade, ou seja a condição de poder agir, não
conforme nossas vontades ou necessidades, mas sim de acordo com o que realmente
acrescenta a todos inseridos nesta realidade.
Pois, do que adianta suprir todas as nossas necessidades,
se tão logo já necessitaremos de nos saciar unicamente para nos mostramos mais
cheios e completos do que todos, enquanto temos devorados os únicos que
poderiam contar a nossa história durante os séculos?
É necessário refletirmos e escolhermos a verdadeira
liberdade que se pauta em escolhermos agir de forma diferente dos preceitos
naturais que nos condicionam, agindo de forma a deixar de ser somente consumidores
de outras vidas para contribuirmos para o surgimento, sobrevivência e das
gerações que estão por vir, transmitindo-lhes o que realmente importa, os
valores mais preciosos da vida, o amor a compaixão e a generosidade.
Pense bem, e escolha ser livre ou escravo de sua natureza animal loucamente consumidora.
A mensagem é boa, mas o evangelho é simples. Não é preciso de digressões para falar da liberdade do homem. O nosso olhar deve se voltar para o real e não para o surreal. É simplesmente minha opinião, espero ter ajudado.
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