sexta-feira, 13 de abril de 2012

PROPÓSITO E FELICIDADE


Na última quarta-feira o STF, autoridade máxima em termos judiciais na nação brasileira, por meio do voto de seus ministros, decidiu de forma inovadora nesta instância judiciaria, pela possibilidade de interrupção de uma gravidez no qual o feto fora diagnosticado como anaencéfalo, ou seja, sem a presença do sistema nervoso central, mesmo que a leis brasileiras até o momento tipifiquem este ato como crime.

Essa inovação e atualização do pensamento nos leva a questionamentos polêmicos e cada vez mais relevantes em nosso mundo contemporâneo.

Primeiramente gostaria de esclarecer que não venho discutir aqui a aplicação das leis nacionais, tais como princípios globais como a dignidade da pessoa humana, ou até mesmo julgar se a decisão proferida é correta ou não, venho aqui justamente questionar paradigmas da nossa sociedade plural.

Não podemos negar que a situação descrita inicialmente gera sempre desconforto, bem como sofrimento, principalmente as mães, que tem como incumbência e obrigação, gerar e zelar durante toda uma gestação por um filho que provavelmente não sobreviveria.

Nem levo em consideração que não há qualquer certeza absoluta em nosso mundo, principalmente em termos científicos, visto que em todos os procedimentos há sempre uma margem de dúvida e de erro, se assim não fosse nunca poderíamos quebrar paradigmas e modificar métodos e aplicações e até hoje estaríamos acreditando que a terra ainda é redonda e que existe uma força mágica que atrai os objetos ao chão.

Assim, há possibilidade, mesmo que remota, que o quadro, conforme descrito, sofra uma modificação radical, afinal, a natureza está sempre se modificando e se adaptando as novas realidades, contudo, não é o debate central de nossa discussão.
Nossa vida é sempre permeada por altos e baixos, escuridões e resplendores, lágrimas e sorrisos, sendo inegável que em todas as situações existe algo que fará parte da nossa vida.

Contudo, qual o sentido aqui de nossa vida? Por qual motivo ainda estamos aqui? Existe um proposito para tudo que acontece ou o mundo somente gira e ponto final? Será que devemos sempre nos privar e privar que algumas adversidades e dificuldades nos atinja ou atinja aos outros?

Nossa vida nos ensina sempre, em todos os momentos, sendo que em todas as situações pelas quais passamos adquirimos qualidades e marcas que serão indispensáveis durante todo o restante da grande jornada da vida, rumo ao cumprimento do proposito pelo qual existimos e pelo qual estamos inseridos neste universo plural.

Devemos sempre ter o maior cuidado possível na tomada de decisões, principalmente com relação a vida de outras pessoas, uma vez que quando tentamos ajudar alguém, eliminando algo de ruim, visando que esta viva melhor ou que seja melhor, podemos muitas vezes, ocasionar o efeito contrario, já que privaremos esta de vivenciar determinadas situações e de acrescentar em sua vida atributos tão necessários e importantes e que contribuirão futuramente para que ela seja uma pessoa melhor e para que se insira perfeitamente no proposito individual ao qual fora designada a cumprir.

Não nego, que como um advogado, legalmente, sinto-me desafiado a sucumbir a tal entendimento, visto que todo o ordenamento jurídico visa proteger a pessoa, assegurar  a dignidade da mesma e evitar que determinados danos ocorram, mas ao mesmo tempo, sinto-me tranquilo ao saber que para tudo, quer bom o ruim, existe um propósito que só podemos entender quando tudo aqui se acabar, o que nos impede de desprezar qualquer situação, independente se ela nos faz felizes ou não.

Não se engane, nós não estamos aqui somente para ser felizes, mas principalmente para cumprir um propósito eterno, como se fossemos uma engrenagem responsável por se inserir perfeitamente e justamente no local ao qual fomos criados.

Portanto, sinto-me no dever de questionar se o paradigma da constante proteção, visto que nem sempre ele realmente contribui para que sejamos quem devemos ser ilusoriamente nos impedindo de viver por aquilo que realmente deveríamos viver.

Escolha hoje, cumprir um proposito, fazer parte de um plano maior, um plano que é eterno e muito mais gratificante, porque ele não falhará como os nossos que estão a mercê das coisas deste mundo e da vontade dos homens.

Lembre-se alguém pode depender amanhã da escolha que você faz hoje!


::Gabriel Horta

Advogado, escritor, compositor e músico.
www.licoespelocaminho.blogspot.com
Twitter: @gabrielfhorta
Colaborador do portal Lagoinha.com

3 comentários:

  1. Cara, volta e meia me questiono sobre este tipo de assunto.
    Legalização da união afetiva, legalização do aborto, legalização de drogas, enfim, práticas contrárias aos preceitos cristãos.
    Haja vista que o estado é laico, e também devem ser as suas leis, o mesmo deve cuidar para que todo o cidadão, independente de raça, credo, orientação sexual, seja plenamente assistido.
    Por este motivo, acabo entendendo que se tais legalizações, realmente venham beneficiar aos que nela se aplicam, elas realmente devem ser consumadas.
    Afinal, mesmo sendo legal, o ser humano tem como principal trunfo a final e soberana escolha do sim ou não.

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  2. Verdade cara, são temas complexos e que talvez nunca conseguirão ser completamente solucionados. Contudo, entendo que nosso papel deve ser sempre afirmar que mesmo coma existência ou não de leis, devemos ter em mente os princípios da Palavra, porque são leis superiores, ordens de um plano sobrenatural e assim acima das leis terrenas. Porque se assim fosse as leis que determinam que é proibido lera a bíblia ou realizar cultos, etc, deveriam ser totalmente seguidas. Temos que entender que se uma autoridade está contra os preceitos de Deus é papel da igreja se posicionar contra isso, é o que diz em Tito 1:10,11, onde nosso papel é tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância.
    Uma atitude legal nem sempre será cristã!

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